domingo, 27 de maio de 2012

Desapego...

Um exemplo do desapego vem das abelhas...

Após construírem a colméia abandonam-na. E não a deixam morta em ruínas mas viva e repleta de alimento.
 Todo mel que fabricaram além do que necessitavam é deixado.
 Batem asas para a próxima morada sem olhar para trás.
 Num ato incomum abandonam tudo o que levaram a vida para construir.
Simplesmente o soltam sem preocupação se vai para outro.

Deixam o melhor que têm, seja pra quem for - o que é muito diferente de doar o que não tem valor ou dirigir a doação para alguém de nossa preferência.
Se queremos ser livres, parar de sofrer pelo que temos e pelo que não temos, devemos abrigar um único desejo: o de nos transformar.
 Assim, quando alguém ou algo tem de sair de nossa vida, não alimentamos a ilusão da perda.
 Sofrimento vem da fixação a algo ou a alguém. Apego embaça o que deveria estar claro: por trás de uma pretensa perda está o ensinamento de que algo melhor para nosso crescimento precisa entrar.
 Se não abrimos mão do velho como pode haver espaço para o novo?
 (A.D.)

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Desenvelhecimento

Há algum tempo descobriu-se um fato curioso em relação às abelhas, que elas têm a capacidade de reverter sua idade biológica; assim, as abelhas “velhas” podem, se necessário para a colméia, tornar-se jovens de novo. Sua longevidade, então, é variável, podendo ir de trinta dias a até sete meses, conforme as condições e necessidades da comunidade. A rainha das abelhas, por outro lado, apesar de ser oriunda de ovos idênticos aos das operárias, portanto com a mesma carga genética, por ser submetida a uma dieta especial somente com geléia real por toda a vida, cresce o dobro que as abelhas comuns e desenvolve seu aparelho reprodutor, contrariamente às operárias; e, além disso, aumenta sua longevidade em até 6 anos, ou seja, em até setenta e três vezes mais que a média normal de trinta dias para suas companheiras da comunidade. Esses fatos também têm intrigado os estudiosos do envelhecimento humano, já que mostram que existem na natureza animais que conseguem manipular o envelhecimento e a longevidade, e também constituem mistérios ainda não compreendidos pela ciência.

"Desenvelhecimento", livro de Leocádio Celso Gonçalves.

"As abelhas estão sumindo"

Sumiço de abelhas nos EUA e na Alemanha preocupa apicultores brasileiros
Mônica Pinto / AmbienteBrasil
Recentemente, duas notícias, vindas de dois países diferentes, deixaram a comunidade apícola preocupada.
Nos Estados Unidos, o misterioso desaparecimento de milhões de abelhas chegou até ao Congresso norte-americano, que debateu a situação do inseto, tido como essencial para o setor agrícola.
Conforme registrou a Agência EFE, o mais curioso no fenômeno é que, em muitos casos, não são encontrados "restos mortais" das abelhas. “Historicamente, quando algo afeta os enxames, há muitos insetos mortos", afirmou à Agência May Berenbaum, professora de entomologia da Universidade de Illinois. Outro mistério é que as abelhas operárias fogem deixando para trás a rainha, um comportamento totalmente atípico na espécie.
Ainda segundo a EFE, os primeiros sinais desse problema surgiram pouco depois do Natal, na Flórida, quando os apicultores perceberam que muitas abelhas haviam desaparecido. Desde então, a síndrome que os especialistas batizaram como Problema do Colapso das Colônias (CCD) reduziu em 25% os enxames do país.
"Perdemos mais de meio milhão de colônias, com uma população de cerca de 50 mil abelhas", disse Daniel Weaver, presidente da Federação de Apicultores dos Estados Unidos. Segundo ele, o problema atinge 30 dos 50 estados americanos.
Em outro continente, a revista Der Spiegel, uma das melhores conceituadas na Alemanha, publicou uma reportagem com o sugestivo título de Colapso das colônias - Será que plantações de transgênicos estão matando as abelhas?. E traz como chamada o seguinte texto: “Uma dizimação misteriosa das populações de abelhas preocupa os apicultores alemães, enquanto um fenômeno semelhante nos EUA está assumindo gradualmente proporções catastróficas”
A reportagem alemã ouviu o vice-presidente da Associação Européia de Apicultores Profissionais e membro do conselho diretor da Associação Alemã de Apicultores, Walter Haefeker, que fez uma advertência grave: "a própria existência da apicultura está em risco".
O problema, disse Haefeker, tem várias causas, uma delas o ácaro Varroa, oriundo da Ásia; e outra, a prática disseminada na agricultura de borrifar as flores silvestres com herbicidas e promover a monocultura. Outra possível causa, segundo Haefeker, é o uso crescente e controverso de engenharia genética na agricultura.
A Der Spiegel parece desdenhar o tom alarmista do entrevistado, lembrando que, em 2005, ele já encerrara um artigo de sua autoria para o jornal "Der Kritischer Agrarbericht" (Relatório Agrícola Crítico) com uma citação de Albert Einstein: "Se a abelha desaparecer da superfície do planeta, então ao homem restariam apenas quatro anos de vida. Com o fim das abelhas, acaba a polinização, acabam as plantas, acabam os animais, acaba o homem".
Mas a revista emenda que “eventos misteriosos nos últimos meses repentinamente fizeram a visão apocalíptica de Einstein parecer mais relevante”. E relata: “Por motivos desconhecidos, as populações de abelhas por toda a Alemanha estão desaparecendo - algo que até o momento está prejudicando apenas os apicultores. Mas a situação é diferente nos Estados Unidos, onde as abelhas estão morrendo em números tão dramáticos que as conseqüências econômicas poderão em breve ser calamitosas. Ninguém sabe o que está causando a morte das abelhas, mas alguns especialistas acreditam que o uso em grande escala de plantas geneticamente modificadas nos Estados Unidos poderia ser um fator”.
Walter Haefeker, o diretor da associação alemã de apicultura, especula que "além de vários outros fatores", o fato de plantas geneticamente modificadas, resistentes a insetos, atualmente serem usadas em 40% das plantações de milho americanas pode ter um papel. O número é muito menor na Alemanha - apenas 0,06% - e a maioria se encontra nos Estados do leste, de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental e Brandemburgo.
A Der Spiegel informa ainda que, num artigo em sua seção de negócios no final de fevereiro, o New York Times calculou os prejuízos que a agricultura americana sofreria em caso de dizimação das abelhas. Especialistas da Universidade de Cornell, no interior de Nova York, estimaram o valor que as abelhas geram - polinizando plantas responsáveis por frutas e legumes, amendoeiras e trevos que alimentam animais - em mais de US$ 14 bilhões.
No Brasil – Em uma reunião realizada na sexta-feira 30, 36 apicultores afiliados à Cooperativa Nacional de Apicultura – Conap -, debateram o sumiço das abelhas nos EUA e na Alemanha, assunto tido por eles como “de extrema relevância”.
A entidade, com sede em Minas Gerais, foi fundada há 16 anos e reúne hoje cerca de 300 cooperados, de cinco estados.
Ao fim do encontro, eles admitiram a hipótese dos transgênicos terem relação com o fenômeno. “Pela modificação genética que a planta sofre, pode estar produzindo pólen com algum tipo de alteração, possivelmente tóxico ou produzir um fungo que pode estar matando as abelhas, principalmente se não existirem matas nativas nas regiões onde ocorreram os problemas”, disse a AmbienteBrasil Clélio Vidigal, presidente da Conap.
“O ambiente não se encontra mais preservado, existem monoculturas nas quais são utilizados herbicidas, pesticidas e até hormônios de crescimento ou retardamento e adiantamento de maturação (na fruticultura). As abelhas são super-sensíveis - principalmente se não africanizadas, já que estas são rústicas e resistentes -, há vários doenças aqui no Brasil”, explica.

domingo, 9 de março de 2008

Mel que não cristaliza não é mel verdadeiro.
E a maneira mais fácil de liquidificá-lo novamente é colocá-lo no fogo.
Isso é real, mas pode servir como uma metáfora para nós mesmos.
E a flor, sabe o que é? É a chama! Porque toda a planta reflete seu incêndio através da flor.
Uma abelha apesar de seus olhos grandes, não enxerga! Ela só vem a enxergar quando seu veneno depois de percorrer todo o seu corpo atinge a parte em que estão os seus olhos. Isso quando ela se vê diante do nascimento de uma nova abelha rainha que possui uma natureza corpórea reluzente. A luz diante dos olhos de uma abelha operária causa-lhe uma espécie de “abalo”, de “frenesi”. E é isso que promove uma catarse no corpo da abelha conduzindo o veneno. Então ela vê. E todo esse processo acontece dentro da colméia...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Um modo de ver diferente

Bem...
Não existe apicultura antroposófica. Não no sentido de classificá-la como apicultura planejada, racionalista, predatória ou mesmo espiritualista.
Mas existe um modo de ver diferente.
Apicultura antroposófica á apenas um nome que dei a esta página para falar sobre o cultivo de abelhas a partir de uma perspectiva antroposófica, a partir de uma visão científico-espiritual, uma visão holística.
Quando um cultivador de abelhas lida com elas, está na verdade diante de um modelo de sociedade extremamente organizada onde a cooperação, a pureza e o respeito tão aspirado por uma parte da sociedade humana, flui de uma forma incrivelmente espontânea, numa sintonia perfeita.
Mas é curioso também como o homem teme lidar com esta pureza. Teme lidar com um enxame. Teme lidar com o desconhecido.
Certamente, isto não é um convite a quem quer que seja, a mergulhar de cabeça em um enxame! Ao ser picado por uma abelha, principalmente se for alérgico, vá ao médico, tome as providências cabíveis. Mas em paralelo reflita: "Até que ponto tenho sido imprudente em minha vida?"; "Até que ponto tenho criticado vorazmente a sociedade em que vivo, estando de braços cruzados sem fazer nada?"; "Até onde tenho cooperado em todos os setores de minha vida"; "Até que ponto tenho negligenciado meu estado de pureza, a busca pelo belo a troco de trilhar um caminho aparentemente mais fácil?"
Mas se foi seu filho que "sofreu a agressão", pergunte-se todas estas coisas e mais... "O que tenho transmitido de bom às pessoas que amo?"
Enfim, deixo uns dizeres de Plotino que, até onde sei, não era apicultor, mas sim filósofo Neoplatônico. Isto pode interessar muito mais àqueles que no fim de um dia intenso lidando com as colméias, sentem-se na verdade, ao invés de cansados, preenchidos de um bem-estar, talvez comparado à meditação.
"Que a paz reine em sua vida corporal e suas manifestações, e em tudo o que a circunda: na terra, no mar e no ar e até nos céus, sem que aja a menor agitação. Que a alma observe como, por assim dizer, ela se derrama e penetra nesse cosmo que se acha em perfeito repouso. Assim como os raios solares iluminam uma nuvem escura, dando-lhe um brilho dourado, assim a alma proporcionará vida e imortalidade ao corpo do Universo inscrito nos céus." (Plotino)
Gloria

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

As abelhas...uma vivência pessoal


Eu estava pensando nas abelhas...
Morei um tempo no mato. Criava abelhas, então aprendi aos poucos a observar o comportamento delas.
Numa temporada de colher o mel, um amigo, também apicultor, me ligou perguntando se eu teria uma quantia extra para fornecer já que ele havia recebido um pedido inesperado. Saí até o apiário para verificar se poderia atendê-lo. Fui sem fumegador, que espanta as abelhas e sem a roupa protetora, já que não tinha necessidade de abrir as caixas para saber se tinha mel. É só observar se a colméia está bem protegida (com excesso de própolis).
Uma das primeiras recomendações que recebemos para se aproximar das abelhas é que não se deve usar perfumes. “Abelhas não gostam! Elas atacam!”
Neste dia esqueci que havia acabado de lavar os cabelos e eles estavam levemente perfumados. Cheguei lá, dei uma volta em torno das colméias e aí me lembrei que estava exalando perfume. É claro que fiquei tensa, a temperatura do corpo aumentou, mas como já tinha observado todas as caixas, saí lentamente. Quando já começava a me afastar do apiário, um grupo delas voou direto nos meus cabelos. A única coisa que consegui pensar é que se eu me agitasse, em poucos minutos poderia estar morta. Respirei fundo e continuei andando lentamente com “aquele zum zum zum na minha cabeça”. Depois de um tempinho, uma boa parte “desistiu de mim”.
Chegando em casa, sem levar nenhuma picada, ainda haviam algumas penduradas no meu cabelo. Fiquei pensando o que “aquilo” queria dizer (além do fato de eu ter sido um pouco imprudente).
Pesquisei vários materiais tentando saber por que elas “NÃO GOSTAVAM” de perfume, já que o que atrai uma abelha até a flor é o perfume e o calor (este último contribui para que o perfume se intensifique; quando ocorre a floração, a flor sempre apresenta uma temperatura maior que o resto da planta ou árvore). Não encontrei nada que confirmasse a hipersensibilidade das abelhas capacitando-as a detectar que um perfume artificial contém elementos químicos que não as agradem, enfim...
Também posso não ter pesquisado o suficiente, então não estou fechada para qualquer outra possibilidade! Mas o que eu senti, o que eu guardo como entendimento é que na verdade “ELAS NÃO NOS ATACAM” quando estamos perfumados. Elas vêm até nós para extrair “nosso néctar”. Já que ficamos quentes e exalamos o perfume. A diferença é que a flor não reage à investida da abelha, ao contrário de nós.
Ali há uma troca perfeita pois a flor contribui para a produção do alimento doce e a abelha de certo modo perpetua a existência daquela qualidade de flor. E mesmo quando ficamos agitados e reagimos, na verdade elas “NÃO ATACAM!”
Mesmo que tenhamos recebido alguma picada, só recebemos porque reagimos; ainda assim há um benefício! No ferrão de toda abelha sempre há uma pequena quantia de própolis que antes de ser um remédio de vasta eficácia, é uma espécie de resina obtida pelas abelhas de várias fontes vegetais para proteção.
A agitação, o temor, tornam o perfume ruim, talvez semelhante ao cheiro dos predadores da colméia ou do enxame, então aí talvez possamos lembrar em algum nível um predador. Na verdade a única intenção é proteger a colméia.
Sempre que levei uma picada de abelha, para mim era como se eu estivesse ganhando sempre um pouco mais de imunidade para o organismo!
Bem, um biólogo pode até dizer que é balela. Mas pelo menos eu sobrevivi. ficando quieta, pra poder estar escrevendo hoje um pouco aqui!
Gloria